BATER PALMAS NA MISSA: CERTO OU ERRADO?

Bater Palmas Santa Missa
Legenda: Homem batendo palmas na Santa Missa

Devo ou não devo?

É muito importante iniciarmos nossa conversa tendo claro em nossa mente que a Santa Missa é a celebração da vida, o mistério da cruz, morte e ressurreição do Senhor Jesus.

O Catecismo da Igreja Católica nos traz no parágrafo 1358:TEMOS DE CONSIDERAR A EUCARISTIA COMO AÇÃO DE GRAÇAS E LOUVOR AO PAI; COMO MEMORIAL SACRIFICAL DE CRISTO E DE SEU CORPO; COMO PRESENÇA DE CRISTO PELO PODER DE SUA PALAVRA E DE SEU ESPÍRITO”.

No altar da cruz, Jesus entregou sua vida e derramou seu precioso Sangue por amor e para remir o mundo do pecado. É no altar da Eucaristia que Jesus continua sendo esse amor e a estar junto de nós, através do pão que se faz seu Corpo, com o vinho que se faz seu Sangue, e assim, sendo o alimento espiritual para fortalecer a nossa vida e nossa alma.

O Salmo 46, 2 nos diz: “POVOS, APLAUDI COM AS MÃOS, ACLAMAI A DEUS COM VOZES ALEGRES, PORQUE O SENHOR É O ALTÍSSIMO, O TEMÍVEL, O GRANDE REI DO UNIVERSO”. Mas na nossa vida existe um momento para cada coisa e precisamos também aprender a nos dirigir a Deus de diversas formas nos muitos momentos que temos a possibilidade de estar na sua presença, podendo ser uma celebração eucarística, uma reunião, um encontro de louvor ou até mesmo em nossa oração pessoal.

Neste sentido, é legítimo para nós entendermos a Missa como a oração das orações. A oração deve ser a expressão do coração que se coloca para adorar a Deus e celebrar o seu dom maior que é o amor. Como nos ensina Santa Teresinha do Menino Jesus: “A ORAÇÃO É O IMPULSO DO CORAÇÃO, É UM SIMPLES OLHAR NO MEIO DA PROVAÇÃO OU NO MEIO DA ALEGRIA”.

A Missa é, então, a oração por excelência, o ápice de um relacionamento íntimo, um culto agradável a Deus. Todos os momentos da Santa Missa são formados por ritos. Cada um destes ritos deve ajudar a comunidade e os fiéis a vivenciarem uma experiência da presença do Cristo Ressuscitado, pois Ele está no meio de nós. Nestes ritos estão expressos os gestos e palavras, que o sacerdote, que é quem preside a Santa Missa, deve proclamar, mas também os gestos e palavras dos fiéis, que em uma resposta, contemplam os mistérios que estão sendo celebrados.

Devemos ter a ciência que na Missa o nosso louvor deve ser dirigido ao Pai através de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso é de suma importância que valorizemos e rezemos bem cada momento da Missa, não tirando nem acrescentando nada em seus ritos que já são próprios.

Dos momentos que envolvem o ritual da Sagrada Eucaristia, não se está previsto o bater palmas no Missal Romano. O Missal Romano é o livro litúrgico que fica junto do sacerdote, sobre o altar para que ele celebre a Santa Missa de acordo com que a Igreja propõe, através da oração inicial, final, dos prefácios e das orações eucarísticas para os diversos momentos em que a Igreja está reunida para vivenciar tais mistérios.

No Missal Romano encontram-se as chamadas instruções gerais. São cerca de 400 parágrafos que nos ensinam como é que a Missa deve ser celebrada.  Vale ressaltar que a Missa em hipótese alguma pode ou deve ser modificada, porque já foi estabelecido e aprovado todo o seu conceito de gestos e palavras pelo magistério da Igreja na pessoa do Santo Padre o Papa, e assim estas normas devem ser obedecidas.

Observamos em muitas celebrações e em diversos momentos, durante o ritual, o bater palmas, no cântico de entrada, no hino de louvor, após a proclamação do Evangelho, no cântico do Santo, etc. Cabe a nós uma reflexão: TUDO NA LITURGIA TEM QUE TER E SER EQUILÍBRIO DA FÉ CELEBRADA, DA EXPRESSÃO DO CORAÇÃO QUE SE ALEGRA E DO MISTÉRIO QUE NÓS CONTEMPLAMOS”.

Pensemos. Não é uma questão de lei proibindo o bater palmas, mas é uma questão da natureza das coisas. Se estiver em um baile eu danço, se estou num campo de futebol eu torço, vibro, se estou no meu emprego, eu trabalho. Esta é a essência, é a natureza destas situações.

A natureza da oração das orações, que é a Santa Missa, é a da minha alma se encontrar com Deus, ou seja, se encontrar com a Alma de Cristo, o Corpo de Cristo, o Sangue de Cristo, e esse encontro precisa ser verdadeiro, íntimo e pessoal.

Não tenho a pretensão de dizer que está proibido bater palmas, apenas volto a afirmar que o Missal não proíbe, mas ele também simplesmente não traz nada relacionado a este tema.

Cabe a nós mais uma reflexão: A Missa é o sacrifício do calvário. Nós celebramos o Cristo que padece, que sofre o martírio redentor e, este sacrifício, se torna presente, atualizado em cada celebração eucarística, seja ela durante a semana ou no preceito dominical, seja no tempo comum ou nas grandes festas ou solenidades que a Igreja nos traz ao longo do ano litúrgico na assembleia reunida.

A Missa deve ser para o celebrante, mas também para os fiéis, algo de muita concentração, recolhimento interior, de profundidade, um entrar em nós mesmos para podermos entrar na alma de Cristo. As palmas ou qualquer outra situação de exageros litúrgicos podem desviar desta reflexão que buscamos e da interiorização profunda que deveríamos estar para o encontro com Deus.

Volto a afirmar: Não estou dizendo que é proibido bater palmas e nem tenho competência para tal afirmação, mas também confirmo que no Missal não se preveem as palmas e, normalmente, o que o Missal não prevê não se faz. Essa é, na maioria das vezes, uma norma que a Igreja segue.

O Santo São João Paulo II, quando Papa em sua Carta Encíclica “ECCLESIA DE EUCHARISTIA” , (IGREJA DA EUCARISTIA), ensina:

“A IGREJA VIVE DA EUCARISTIA. ESTA VERDADE NÃO EXPRIME APENAS UMA EXPERIÊNCIA DIÁRIA DE FÉ, MAS CONTÉM EM SÍNTESE O PRÓPRIO NÚCLEO DO MISTÉRIO DA IGREJA. É COM ALEGRIA QUE ELA EXPERIMENTA, DE DIVERSAS MANEIRAS A REALIZAÇÃO INCESSANTE DESTA PROMESSA: EU ESTAREI SEMPRE CONVOSCO, ATÉ O FIM DO MUNDO, (MT 28,20); MAS NA SAGRADA EUCARISTIA, PELA CONVERSÃO DO PÃO E DO VINHO NO CORPO E NO SANGUE DO SENHOR, GOZA DESTA PRESENÇA COM UMA INTENSIDADE SEM PAR. DESDE O PENTECOSTES, QUANDO A IGREJA, POVO DA NOVA ALIANÇA, INICIOU SUA PEREGRINAÇÃO PARA A PÁTRIA CELESTE, ESTE SACRAMENTO DIVINO FOI RITMANDO OS SEUS DIAS, ENCHENDO-OS DE CONSOLADORA ESPERANÇA”.

Diante de tudo isto, precisamos entender que a cada dia que saio de minha casa, vou para a Santa Missa, estou indo para esse encontro com o Senhor. E Ele estará lá mais uma vez para se derramar a nós. Da nossa parte, Ele precisa encontrar um coração fecundo e solícito e, assim, temos a oportunidade de contemplarmos os seus mistérios através da Eucaristia.

Deus abençoe a todos.

                                                                                                      Júlio César Maltauro

Autor da Postagem


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