Reflexão sobre a Solenidade da Ascensão do Senhor

Queridos irmãos e irmãs, 40 dias se passaram onde tivemos a oportunidade, mesmo que de uma forma diferente neste ano, participando virtualmente, em família, de revivermos os momentos que a Santa Mãe Igreja nos ofereceu de contemplar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Durante 40 dias, pudemos meditar e rezar, através das liturgias, que o Senhor ainda quis se fazer presente fisicamente, aparecendo por diversas vezes como nos relata a Sagrada Escritura:

A aparição às santas mulheres (Mt 28,9), aos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), aparição aos apóstolos (Jo 20, 19-29).

Neste domingo, a Igreja celebra a Ascensão, ou seja, o dia que Jesus sobe aos céus em seu Corpo, Alma e Espírito para não mais retornar até a sua segunda vinda como Ele mesmo prometeu. Rezamos isso toda vez que recitamos a profissão de fé, a oração do Creio, e dizemos com fé, SUBIU AOS CÉUS ONDE ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI.

O sentar-se à direita do Pai significa também, a inauguração do Reino do Messias, a realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem:

“A Ele, foi outorgado o poder, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram”. “Seu império é império eterno, que jamais passará, e seu reino jamais será destruído” (Dn 7,14). A partir desse momento, os apóstolos se tornaram as testemunhas do “Reino que não terá fim”. (Cat. §664).

Ao se elevar, Jesus se torna o mediador entre Deus e os homens; não é uma separação, como nos explicou o Papa Francisco em uma de suas reflexões, mas a Ascensão mostra aos homens qual deve ser o seu caminho, que é o de chegar ao Pai, em Jesus. O Papa diz que “Mesmo se nós não O vemos, Ele está ali! Acompanha-nos, guia-nos, toma-nos pela mão e nos levanta quando caímos”.

Esta solenidade pode nos trazer uma mistura de sentimentos, assim como esses mesmos sentimentos devem ter envolvido os discípulos, mas também o próprio Jesus, ALEGRIA E TRISTEZA.

ALEGRIA pelo fato de que, se em Adão e Eva o homem perde o paraíso pelo pecado, com a Ascensão, o corpo humano ganha o direito de entrar de novo neste paraíso que é a Jerusalém Celeste, porque Jesus, mesmo sendo Deus, também é matéria, carne. É essa matéria sagrada que ressuscita, anda, come, fala com os discípulos e até se pode tocar como ordena a Tomé. Todos os que creem, então, poderão um dia, também estar junto do Senhor contemplando-O face a face no céu.

TRISTEZA, dor pela despedida. É duro dizer adeus a quem amamos, mas a despedida, a partida de Jesus para o Pai se fazia necessária. Mas porque nos deixar? Por que ir embora? Não poderia até hoje estar aparecendo a cada um de nós como fez durante os 40 dias para aqueles homens e mulheres?

Fez-se necessária sua partida porque até a própria ciência nos explica que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar, ao mesmo tempo. Se Jesus não estivesse ascendido, Ele ainda estaria ao nosso lado. Com a Sua ida e com a realização da promessa do envio do Espírito Santo, Ele passa de estar ao nosso lado, para ESTAR DENTRO DE NÓS. Hoje Ele está em nós pela Sagrada Comunhão, mas isso só é possível pela ação do Espírito Santo de Deus.

Em um texto, Padre Paulo Ricardo nos explica, “Foi preciso, pois, que Cristo partisse, para que os homens entrassem em maior comunhão com a Santíssima Trindade. Na Ascensão, o mistério da Encarnação completa o seu ciclo, por assim dizer: o Deus que desceu para assumir a natureza humana, agora a eleva aos céus, a fim de que também a Igreja eleve o seu coração ao alto – como se responde em toda liturgia eucarística – e, um dia, entre na plena posse de seu Esposo, no Céu”.

Jesus, no Evangelho deste domingo, nos deixa uma Palavra de Ordem, “IDE E FAZEI DISCÍPULOS MEUS TODOS OS POVOS, BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO E ENSINANDO-OS A OBSERVAR TUDO O QUE VOS ORDENEI”. Mt 28, 16-20.

Assumamos nossa condição de batizados e tenhamos a certeza, Ele subiu aos céus, mas como respondemos na Sagrada Liturgia, ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS.

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